Por: Eduarda Fernandes
“Trabalhismo Agrário: a trajetória de Fernando Ferrari” é uma pesquisa da professora Débora Franco Lerrer, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O objetivo é construir a trajetória de Fernando Ferrari, trabalhista do chamado pré-64 e uma figura emblemática no contexto político da época. “Ele investigava a relação do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e também da corrente política “Trabalhismo” com a questão agrária, desde que foi constituída, em 1945 até o Golpe de 64”, explica Débora. Além disso, Ferrari tem sua história marcada pela determinação em tentar desenvolver novos arranjos institucionais para a questão agrária brasileira.
Uma curiosidade sobre o objeto de pesquisa da professora, é que Fernando Ferrari foi homenageado com o dia 1º. de Maio, dia do Trabalhador. Fernando morreu em um acidente aéreo no dia 25 do mesmo mês, em 1963. “Ele também é o responsável pelo projeto de lei que previa a extensão dos direitos trabalhistas para os trabalhadores rurais, que foi aprovado apenas em março de 1963, quando ele já não fazia parte do PTB e depois de uma grande disputa política na Câmara”, conta Débora.
A pesquisa de Débora Franco também objetiva a compreensão do papel do PTB durante o intervalo de 1954 e 1964, já que intelectuais prós e contra o golpe, associaram o partido à manipulação das massas, de certa forma marginalizando o trabalhismo por ser um projeto da esquerda brasileira. “Também pretendo avaliar a atuação de Fernando Ferrari no parlamento, desde o início de sua carreira política, e o valor que sua corrente política teve no meio agrário”, diz.
A pesquisa começou no início deste ano e tem atividades previstas até Julho de 2020, não conta com nenhum financiamento, além da bolsa de Iniciação Científica. Ao fim da pesquisa, Débora pretende produzir artigos para apresentar em congressos, seminários e também em publicações científicas.
Débora Franco Lerrer sempre teve interesse em temas relacionados a movimentos sociais, política e conflitos, tanto que além de docente e pesquisadora, Débora também é autora dos livros “Reforma Agrária: os caminhos do impasse” e “De como a mídia fabrica e impõe a verdade: a “degola” do PM pelos sem-terra em Porto Alegre”.